A hora do espanto

O que dizer da morte de Osama Bin laden?
Triunfa mais uma vez o terrorismo feito pelo Deus "dinheiro".
Triunfa o modo de produção, e aqueles que não tem nada haver com esta guerra, entra no front sem conexão com um realismo estúpido, ditado pelo maior terrorista do mundo....

Viva a liberdade de consumo, que por sua vez, dita quem deve matar ou morrer.

Morte anunciada

Todos os dias, acordo para um novo recomeço, preciso me re-significar para não sucumbir a tentação de desaparecer subitamente.
Não tenho medo da morte, ao contrário, me alimento deste desejo que assombra a todos.
Quero deixar registrado, o quanto os discursos em nossa sociedade tornan-se edificantes, trazendo consigo, angústia, traumas psicológicos e o piór, roubam nossa identidade. Estou melancólico, será que estou mesmo?. Não sei, será que estou pensando como querem que eu pense?. Não sei.
Apenas sinto uma enorme vontade de desaparecer, pois, só assim poderia burlar este sentimento, mostrando que sou páreo para estes que ditam o que eu tenho que ser. Viva a Santa Morte!!!!!

Estados fragmentados

Durante muito tempo em minha vida, percebi desconfortos que me levaram quase a loucura, no entanto, todas as vezes em que estava em uma situação de variabilidade economica e em uma carnificina ontológica exageradamente perfeita, mantive o afastamento de tudo e de todos.Queria ser louco, mas, ser louco é um privilégio, ser louco, significa ausência de realidade, realidade esta, que estabelece uma relação estreita com os dias de hoje. Loucura que modela pensamentos inexistentes.Mostra uma imagem em 3D, onde, todos ou neurônios entram em um front de guerra.Que guerra linda esta, parece um filme de ficção, mas, não é, é uma imagem verdadeira de como podemos nos transportar para a tão desejada: LOUCURA....

Pensamento corrompido

Em um mundo onde convicções se misturam com a realidade, temos um movimento quase que homogêneo na forma de pensar.
Em uma pesquisa recente, cinco pessoas, sendo que uma não sabia o que estava por acontecer, mostrou o quanto somos sugestionáveis em nosso pensar.
O coodenador da pesquisa, pergunta para as pessoas presentes, mostrando a figura de um quadrado, que desenho era aquele que ele estava apresentando. E todos respondem: é um quadrado, após uma série de perguntas em que a unanimidade prevalecia, é mostrado para todos duas linhas paralelas e só a pessoa que não sabia o que estava acontecendo, responde certo, os outros, respondem que não. Esta pessoa fica espantada e tenta argumentar sem sucesso.
Após uma série de negativas, esta pessoa que não sabe o que está acontecendo, começa a concordar com as outras, pois, ela crê realmente que está errada em sua leitura, ou seja, somos altamente sugestionáveis tendendo a aceitar quando a maioria diz o que esta certo ou errado.
Não precisamos de convicções, temos que exercer nossos sentidos, estabelecer um pensamento anárquico, aberto, perceptivo e mediado pela nossa conduta moral, pois, creio que só assim podemos progredir em nossa construção de seres humanos.

Sociedade e Natureza

Tento não cair na malha social, cair no que as pessoas "acham" que é o melhor pra todos, não porque quero ser contraditório apenas, mas, sim porque enquanto uma grande parcela das pessoas pensam sobre alguma coisa, na maioria das vezes são discursos de verdade e esconde um conceito desenvolvido para ser absorvido em prol de poucos.
Nem sempre é assim é claro, mas, em uma maioria das vezes se reproduz algo que é dito em algum meio de comunicação.
Os homens estão "fora da natureza e desesperadamente nela" é o que diz Zygmunt Bauman em seu ensaio Sociedade individualizada, o que percebo nesta fala é que quando estamos fora de uma natureza, precisamos agir de acordo com o discurso vigente, ou seja, de acordo com aqueles que legislam em prol de uma sociedade, e quando estamos desesperadamente nela, negamos uma realidade nua e crua, que mostra que a vida não faz nenhum sentido.

O andarilho

Quando começamos a dar os primeiros passos, desenvolvemos a partir daí um processo de amadurecimento da nossa sobrevivência, quando temos que brigar, competir e buscar nossa independência.


No inicio tudo parece estar ao nosso alcance, mas logo percebemos que estamos a uma distância incomensurável, o que nos provoca uma sensação de impotência intelectual enorme, nos tornando assim, na maioria das vezes seres conceituais.


Quando desenvolvemos um conceito damos forma, delimitações a um determinado saber, criando um enquadrinhamento onde o que é luz está dentro, e o que é obscuro está a margem, desenvolvendo uma espécie de estagnação intelectual, não nos permitindo ver mais nada além daquilo que já está iluminado.


Quando sentimos ódio, amor, cólera, temor, vergonha, compaixão, indignação, paixão e inveja temos nem que seja por um breve instante uma visão de mundo diferente, saindo neste instante do enquadrinhamento onde o conceito já estabelecido perde suas defesas, nos possibilitando darmos uma espiada além das delimitações.


Temos que aproveitar esses instantes de nossas vidas, para que no mínimo, possamos aumentar nosso “Curral”. Essa seria então a verdadeira essência do andar, pois andamos com o nosso pensar e agir, nos tornando assim um verdadeiro andarilho do conhecimento, sem metas e objetivos, apenas nos guiando pela nossa percepção tropeçando, caindo e levantando nesta eterna busca pelo desconhecido.

Filocracia e passarela

Quando estou diante de um discurso filosófico, percebo o quanto as palavras se transformam em verdadeiras obras de arte, sendo proferidas com romantismo e eloquência.
O poder que a palavra exerce pode-se comparar com a modelo em uma passarela, desfilando sua beleza em um andar quase flutuante, demonstrando sua habilidade de buscar os olhares tanto na ida, como na volta.
Quando estaremos prontos para o simples e a vida em si?

Tempo de incertezas

Vivendo em um tempo de incertezas, estamos sempre em um devir absoluto. Percebo o quanto deixamos de viver na procura de novas formas de burlar o medo. Temos medo de tudo, mas o que mais me assusta é que a industria do medo vem se modernizando, tratando seus clientes com a mais sofisticada técnica de persuasão. Precisamos de ar para respirar e, para que isso possa acontecer em seu sentido pleno, temos que sair munidos de um arsenal de segurança. Carros blindados, coletes à prova de balas, seguranças treinados, rastreadores de GPS e, o mais importante, dinheiro no bolso.
Óbvio que toda essa segurança está apenas disponível para um setor da sociedade, uma sociedade que nos trata como "bois de piranhas".
Parado em um farol no centro de São Paulo, aparece um jovem pedindo dinheiro para aliviar sua dor, dor física, pois o jovem tinha uma dilaceração na barriga, uma dilaceração que possibilitava de ganhar dinheiro, pode?
Naquele momento, reparei que aquele jovem arrecadou 2 reais. Digamos que arrecade no final do dia 20 ou 30 reais, não importa, o que vale para aquele jovem é o fato de que ele tem um meio de sobrevivência.
Vivemos em tempos de incertezas, tempos onde a medida de todas as coisas é a informação. Informação que controla a miséria, a riqueza e todo o poder político e tecnológico. Todos são necessários.
O que dizer deste mundo, onde dormimos e acordamos piores, com o caráter fragmentado, com varias incertezas; incerteza de que vamos comer no outro dia, de que vamos nascer para o capitalismo, incerteza de si próprio?
Em nossos cotidianos lidamos de varias maneiras com as incertezas, escolhemos o conformismo,o fatalismo e principalmente a fé.
Reduzimos tudo aquilo que podemos enxergar em simples frase curtas “é assim mesmo”, “o importante é que estamos vivos”, “fazer o que, né?”. Estamos cada vez mais sem perspectiva e não é porque o povo é que é mole ou não se esforça para tal. O fato é que reduzimos tudo a informações precisas, informações que devemos utilizar para sobrevivência. A mesma daquele jovem.

A arte

Andando no meio da mata senti um aroma incrível, quase estouro os meus pulmões, pois não consegui parar de inalar. Queria aquele perfume entranhado em mim para sempre, pensei se teria uma fragrância igual aquela, nas prateleiras das perfumarias.Não queria voltar para o asfalto, para o concreto, para o mundo que me ensinara a viver.
Então rapidamente tomei uma decisão, vou engarrafar este cheiro e levar comigo onde eu for.
Que decepção, que inocência a minha, pois, só percebi quando o odor estragado do asfalto tomou conta do meu olfato. Claro que não poderia trazer aquele perfume maravilhoso, pois não podemos aprisionar a essência, ela está disponível em nossos sentidos.

A hora

Segurei tudo o que sei em mim, não queria dividir o que aprendi
Tentei de tudo para não passar, não consegui
Calei-me, disse não, senti profundamente o ser que sou
Tornei a negar a existência, deixei tudo muito claro para todos
Entendi que o não aceito está na linguagem e não na emoção 
Neguei mais uma vez, fui até o lodo de meus pensamentos
Cobrança, de todos os tipos me trouxeram a uma normalidade
Tudo calmo, controlado e confrontado com o real
Real que não existe, ou será que existe?
Não sei, ou melhor não aprendi 
Não aprendi nada, esta é a unica coisa que aprendi

Imagem derretida

Cadê o mundo onde eu vivo?
Será um mundo solto nas mãos dos idiotas, da singularidade daqueles que dizem que são capazes?
Ora, vivemos destruindo nossos mais profundos pensamentos, tirando o que supostamente temos de melhor. Em todos os lugares por onde ando, encontro a imbecilidade se manifestando, quase como uma bomba nuclear alastrando sua radiação, e fazendo de nós verdadeiros zumbis.

Crença x razão

-Estou com uma dor de cabeça
-Toma este comprimido, que passa
-Ok, vou tomar
-E agora, ja passou?
-Sim, graças a deus


-Mãos na cabeça vagabundo
-Sim senhor
-Está indo pra onde?
-Para o trabalho senhor
-Ta querendo me enganar seu pilantra?
-Não senhor
-Ta sim, vamos dar uma voltinha
-O que aconteceu meu filho
-Apanhei da polícia quando estava indo para o trabalho
-O meu filho, quantas vezes já te disse pra você frequntar a igreja, só jesus salva
-Mas mãe?
-Não meu filho, só deus sabe das coisas.


-Nossa vcs viram quantas pessoas ficaram desabrigadas nessas últimas enchentes que aconteceu?
-Graças a deus que não morreu muita gente.
-É, graças a deus


-Dona Maria, seu filho esta bebado lá no bar
-Ah, tudo bem graças a deus que ele não é um bandido, deixa ele beber



" A crença destrói a possibilidade de questionamentos, traz em seu bojo a arma para causar a própria extinção"
( Douglas Pupo)