O andarilho

Quando começamos a dar os primeiros passos, desenvolvemos a partir daí um processo de amadurecimento da nossa sobrevivência, quando temos que brigar, competir e buscar nossa independência.


No inicio tudo parece estar ao nosso alcance, mas logo percebemos que estamos a uma distância incomensurável, o que nos provoca uma sensação de impotência intelectual enorme, nos tornando assim, na maioria das vezes seres conceituais.


Quando desenvolvemos um conceito damos forma, delimitações a um determinado saber, criando um enquadrinhamento onde o que é luz está dentro, e o que é obscuro está a margem, desenvolvendo uma espécie de estagnação intelectual, não nos permitindo ver mais nada além daquilo que já está iluminado.


Quando sentimos ódio, amor, cólera, temor, vergonha, compaixão, indignação, paixão e inveja temos nem que seja por um breve instante uma visão de mundo diferente, saindo neste instante do enquadrinhamento onde o conceito já estabelecido perde suas defesas, nos possibilitando darmos uma espiada além das delimitações.


Temos que aproveitar esses instantes de nossas vidas, para que no mínimo, possamos aumentar nosso “Curral”. Essa seria então a verdadeira essência do andar, pois andamos com o nosso pensar e agir, nos tornando assim um verdadeiro andarilho do conhecimento, sem metas e objetivos, apenas nos guiando pela nossa percepção tropeçando, caindo e levantando nesta eterna busca pelo desconhecido.

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